A dicotomia, ou seja, a divisão de um conceito cujas partes, geralmente, são opostas, é um tema recorrente nas artes. O cineasta americano Abel Ferrara, mantendo sempre a imparcialidade e não fixando uma opinião sobre qual seria o certo ou o errado, expõe na totalidade de suas obras a dualidade mais clássica de todas: a oposição entre o bem e o mal. Ferrara se sustenta no sentido cristão ocidental, que essas duas palavras carregam, para desenvolver a sua forma de apresentar o universo de seus filmes ao expectador. Abel Ferrara é, provavelmente, um dos diretores mais prolíferos de sua geração. Em tempo algum ele se apegou a um gênero ou a uma forma de dirigir, pelo contrário, quando filma, ele se adapta à idealização de seu olhar naquele momento específico. O que significa isso? Significada que para cada gênero que Ferrara dirigiu, seja um slasher, um neo-noir, um filme de máfia, um romance ou até mesmo um documentário, e para cada roteiro que ele teve em mãos ele apresentou u...
A luz foi, exclusivamente, a matéria-prima do cinema até o surgimento do som. Quando luz e som se encontraram dentro dos filmes, ocorreu uma convergência tão radical que alguns teóricos chamam o cinema que era feito antes do som de primeiro cinema. Curioso perceber que luz e som possuem propriedades diferentes. O som é uma onda que não se propaga no vácuo, pois necessita de um meio para se disseminar. A luz, por outro lado, também assume a forma de onda, entretanto, não encontra resistência para passear pelo vácuo. Fato é que luz e som, mesmo com suas singularidades, hoje, podem ser consideradas o alicerce no qual se constroem todos os filmes. Carlos Segundo , diretor e roteirista, é doutor em cinema pela Unicamp e possui diversos curtas em sua filmografia. Entre eles Sideral (2021) que foi indicado à Palma de Ouro de melhor curta-metragem no festival de Cannes no ano de 2021. Seu único longa, infelizmente, até o momento, é Fendas (2019) . Um filme onde o diretor perpassa p...
Todo admirador de cinema, em algum momento, se deparou, ou inevitavelmente irá se deparar, com o nome do saudoso Richard Donner. Donner foi o responsável por dar vida através da direção e produção a filmes imortais como Superman: The Movie (1978), Ladyhawke (1985), The Goonies (1985) e Lethal Weapon (1987). Em sua carreira, o cineasta não se inclinou a desenvolver nenhuma obra que pudesse ser nomeada como filme de autor. Entretanto, o refinado cuidado com a verossimilhança, presente em seu trabalho, deixou desenhada uma clara assinatura em sua filmografia. Conta-se, de forma quase mítica, que no início das filmagens de Superman: The Movie (1978) o diretor afixou em uma das paredes do set de filmagens uma grande foto de Christopher Reeve vestido com a icônica roupa do personagem. E usando letras garrafais, escreveu na fotografia a palavra – verossimilhança. Com essa atitude o diretor salientou, para si e para todos os envolvidos no desenvolvimento daquele filme, que a verossim...
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